Etanol de milho: o crescimento e as oportunidades para o agronegócio brasileiro
O etanol de milho tem se consolidado como uma importante alternativa na matriz energética brasileira, principalmente em regiões com alta produção de milho.
Tradicionalmente, o Brasil é conhecido pela produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, mas nos últimos anos o milho tornou-se estratégico na produção de biocombustíveis. Esse movimento foi impulsionado pela crescente demanda por fontes de energia renováveis e pela abundância de milho em estados como Mato Grosso, Goiás e Rondônia.
O aumento da produção de etanol de milho no Brasil é significativo. Nos últimos cinco anos, o setor cresceu 800%, passando de 520 milhões de litros na safra 2017/18 para 4,5 bilhões de litros na safra 2022/23, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este progresso está directamente relacionado com investimentos em infra-estruturas e com a necessidade de diversificar as fontes de biocombustíveis no país.
O mercado brasileiro de etanol de milho
O mercado de etanol de milho no Brasil está concentrado principalmente nas regiões centro-oeste e sul do país, que abrigam as maiores áreas de produção de milho. O estado do Mato Grosso, por exemplo, é responsável por 70% da produção nacional de milho e se consolidou como centro estratégico para o desenvolvimento de usinas dedicadas à transformação do milho em etanol.
Atualmente, o Brasil possui 20 usinas de etanol de milho em operação, sendo 11 delas localizadas em Mato Grosso. Goiás, outro estado importante no cenário nacional, utilizou 1,1 milhão de toneladas de milho na safra 2022/23 para produzir etanol, e esse número deverá aumentar para 1,2 milhão de toneladas nas safras futuras, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento. (Conab).
Além do mercado interno, o etanol de milho brasileiro tem potencial de exportação para mercados como Estados Unidos e Europa, onde há uma demanda crescente por biocombustíveis sustentáveis. A produção de etanol de milho também contribui para a segurança energética do país, oferecendo uma alternativa ao etanol sazonal de cana-de-açúcar.
Benefícios econômicos e sustentabilidade do etanol de milho
A produção de etanol a partir do milho traz uma série de benefícios econômicos para o Brasil. Em primeiro lugar, o milho é uma matéria-prima disponível durante todo o ano, o que permite o funcionamento contínuo das instalações e evita a dependência de ciclos de produção específicos. Isso traz mais estabilidade ao setor de biocombustíveis e garante o fornecimento contínuo de etanol ao mercado.
Outro benefício econômico é o valor agregado dos subprodutos gerados durante a produção do etanol de milho. Durante o processamento são produzidos grãos de destilação (DDG), óleo de milho e bioeletricidade, que podem ser utilizados em outras indústrias, como ração animal e energia renovável. Isso torna a produção de etanol de milho muito eficiente, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis.
Do ponto de vista ambiental, o etanol de milho emite 30% menos dióxido de carbono (CO2) que a gasolina, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Embora o etanol de cana-de-açúcar seja mais eficiente em termos de emissões de carbono (com redução de até 80% em relação à gasolina), o etanol de milho representa uma alternativa prática e de baixo impacto ambiental para complementar a matriz energética do país.
Desafios e oportunidades para o setor
Embora o setor de etanol de milho tenha crescido significativamente nos últimos anos, ainda enfrenta alguns desafios, como a falta de infraestrutura de armazenamento. O Brasil possui capacidade estática de armazenamento equivalente a apenas 14% da safra, o que pode levar a perdas em períodos de colheitas abundantes.
Em Mato Grosso, por exemplo, o déficit de armazenamento da safra 2021/22 foi de 57,1 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
Para superar estes desafios, é fundamental que o país continue a investir em infraestrutura e logística. Isto não só permitirá um fluxo eficiente de produção, mas também garantirá que o Brasil possa realizar plenamente o seu potencial como produtor global de etanol de milho.
Além disso, existe uma oportunidade significativa para os produtores rurais participarem da cadeia de valor do etanol. Graças à verticalização da sua produção e à formação de cooperativas, os produtores podem tornar-se industriais e participar diretamente no processamento dos grãos, agregando valor à sua produção.
O futuro do setor depende também da expansão de novas fábricas. São nove usinas de etanol de milho em fase de planejamento ou construção em estados como Tocantins, Bahia, São Paulo e Paraná. Essas novas unidades deverão contribuir para aumentar a capacidade produtiva do país e consolidar o etanol de milho como uma alternativa sólida e sustentável no mercado de biocombustíveis.
O etanol de milho tornou-se um pilar do setor de biocombustíveis do Brasil, com crescimento significativo nos últimos anos. O seu potencial para aumentar a produção de grãos, criar empregos e promover o desenvolvimento económico regional torna-o um ator fundamental na diversificação da matriz energética do país.
Apesar dos desafios logísticos e de infraestrutura, o futuro do etanol de milho é brilhante. Com o apoio de investimentos contínuos e políticas públicas que incentivem a expansão do setor, o Brasil poderá se consolidar como líder mundial na produção de etanol de milho, garantindo um futuro mais sustentável e competitivo para o agronegócio nacional.
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